Mês: maio 2017

Vivendo de aparências: a mãe de Facebook

A mãe de Facebook

A mãe narcisista usa o Facebook para se autopromover

Para quem vive de aparências, o Facebook é uma excelente ferramenta de propaganda. Em apenas um clique, é possível divulgar uma imagem idealizada de perfeição e sucesso pessoal. A mãe narcisista, mesmo que não entenda muito de informática, sabe muito bem como usar os meios de comunicação e socialização da internet para o autobenefício. Já que precisa alimentar a imagem de mãe perfeita e dedicada perante os outros, usa e abusa das redes sociais para este propósito. Em sua eterna campanha de autoengrandecimento, tem o hábito de recorrer ao ambiente virtual para promover as suas supostas qualidades pessoais, assim como alardear a sua “dedicação” maternal. Para quem não conhece ou se recusa a enxergar a verdadeira face narcisista por detrás de todo este teatro, a sua mãe narcisista, ou aquela que aparece nos sites de relacionamento, é o retrato – literalmente –  de figura materna atenciosa e devota aos filhos. A “mãe de Facebook” é aquela mãe narcisista/de mentira que usa a plataforma mais popular das redes sociais como veículo de manipulação das opiniões de parentes e amigos.

A imagem que a mãe narcisista se esmera tanto em projetar no Facebook é inversa da real, como em um espelho. Enquanto a mãe de Facebook é afetuosa e não poupa elogios às conquistas dos filhos, a mãe narcisista, entre quatro paredes e longe de plateia, é fria, rígida e tende a ignorar, rejeitar ou até invalidar tudo de bom que eles alcançam. A discrepância é tão grande que faz com que a filha se sinta invadida por uma mistura de sentimentos antagônicos tal como a raiva quando se depara com tamanha aberração. É exasperante ter de presenciar tamanha falsidade, seja direta ou indiretamente. Minhas clientes costumam relatar o efeito emocional massacrante de serem incluídas, mesmo sem desejo, no universo de mentiras das mães narcisistas. Inclusive quando conseguem cortar o contato definitivamente ou reduzir a influência que têm em suas vidas, sentem-se profundamente impotentes em relação ao seu comportamento transtornado, incoerente e desonesto que, infelizmente, é perpetuado livremente pela internet.

Vale relembrar que narcisista odeia perder o controle ou ser ignorado pelos outros. Se você está tentando diminuir ou cessar de vez o contato com a sua mãe narcisista para resgatar o controle de sua própria vida, a probabilidade é de que esta redobre o investimento de tempo e energia a fim de persuadir a todos de que está sendo tratada injustamente por uma filha egoísta e insensível para que você se sinta culpada e envergonhada dessa decisão e volte correndo para o papel de filha submissa e serviçal de seu ego gigantesco. Quanto maior for o seu comprometimento com a sua liberdade pessoal, maior será o esforço de sua mãe narcisista para reaver o controle sobre você. A personagem “mãe de Facebook” entra em cena precisamente nos momentos em que a mãe narcisista se sente vulnerável, intimidada e fragilizada pela atitude adulta, autônoma e autoconfiante da filha. Apesar de causar desgosto e raiva, a aparição da mãe de Facebook marca uma mudança dramaticamente positiva na dinâmica do relacionamento da mãe narcisista com a filha, em que a força e determinação da segunda começam a superar o poder das artimanhas e a pressuposta autoridade e superioridade da primeira.

Se você tem Facebook e ainda não bloqueou a sua mãe narcisista, recomendo muito fazê-lo. Se você a bloqueou, mas continua a receber notícias de suas publicações malucas por intermédio de parentes e amigos inconvenientes, está na hora de reforçar os seus limites pessoais. Deixe bem claro a todos, de forma polida e educada, que não tem interesse nenhum em saber o que a sua mãe narcisista anda comentando a seu respeito. Somente porque alguém tem intimidade com você, não significa que possa dizer e fazer o que quiser independentemente do impacto que seus atos tenham em você. Há várias maneiras adultas e delicadas de se dizer não a alguém, como “Tio/tia/vó/vô/primo/prima…, eu gosto muito de você e gostaria muito de bater um papo gostoso, mas sem envolver a minha mãe de forma nenhuma, direta ou indiretamente. Se você insistir, vou me sentir obrigada a desligar o telefone, o que eu sinceramente não quero fazer. Vamos mudar de assunto?” Não tolere desrespeito. Quem se recusar a respeitar o seu pedido pode ficar falando sozinho, pois você tem todo o direito de se recusar a ouvir a ladainha de quem for. Com o tempo, a sua persistência e autoconfiança comunicarão a mensagem de que não é mais uma criança indefesa e manipulável e que suas vontades também devem ser respeitadas.

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