Por que a maioria das pessoas não sabe dar apoio emocional?
A conexão emocional é um dos meios mais básicos e necessários para estabelecermos relacionamentos saudáveis, conforme esclareço no capítulo intitulado A imaturidade e negligência emocional das crianças grandes do meu novo livro Desconstruindo a família disfuncional…
“Quando validamos os sentimentos uns dos outros confirmamos não somente a sua própria relevância, mas também do relacionamento em si, de nós mesmos e da nossa experiência”
Desconstruindo a Família Disfuncional, Página 85
Partindo deste princípio, é natural que nos sintamos vazios, solitários, tristes, alienados e, às vezes, com muita raiva, quando aqueles com quem convivemos falham em apoiar-nos emocionalmente, sobretudo, pais, amigos e parceiros amorosos. Se a validação emocional é tão importante para o nosso bem-estar e dos relacionamentos, por que é tão difícil de obtê-la?

Se já devorou o Filhas de Mães Narcisistas, Conhecimento Cura, tem ciência dos inúmeros efeitos do trauma do desenvolvimento/da infância causado por abuso de qualquer natureza, inclusive o emocional. Um dos efeitos mais comuns de pertencer a uma família regida por um ou mais genitores tóxicos/abusivos/narcisistas e/ou emocionalmente negligentes é a intolerância às emoções negativas e vulnerabilidades, o que consiste em um mecanismo de defesa e autoproteção disfuncional.
As vítimas de abuso e/ou negligência que apresentam um histórico de trauma mal-resolvido terão dificuldade de conectar com o corpo de forma aberta e livre, pois associam a conexão com as emoções negativas como uma fraqueza. Portanto, relacionam a algo exclusivamente doloroso e, até, sem propósito, já que foram expostos à rejeição, invalidação, exclusão e alienação ao longo de seu desenvolvimento. Esses comportamentos são observados tanto nos pais que os reproduzem, como nos filhos que os perpetuam.
Quando nos informamos acerca da natureza do trauma e seus efeitos nos conscientizamos de que possui natureza penetrante e afeta a maior parte da população, que, por sua vez, dá forma e tom aos valores do senso comum. Vivemos em uma cultura de negligência emocional e disfunção familiar que corrompe a natureza das conexões humanas, promovendo o antagonismo e o distanciamento em vez da união através da empatia. Como resultado, quando passamos por momentos difíceis e estamos tristes, com raiva ou vergonha, por exemplo, a probabilidade de termos estes estados emocionais reconhecidos pelos outros a nossa volta e sem causar-nos ainda mais desconforto e inadequação é quase nula.
Naturalmente e nestes contextos, caso se sinta incompreendido e desconectado daqueles com os quais compartilha certa intimidade não é porque seja “exigente” ou “sensível”, mas se encontra insatisfeito com a qualidade desses relacionamentos e da habilidade daqueles que o amam (ou alegam fazê-lo) de aceitarem e respeitarem não somente a expressão das emoções, bem como de apoiá-las quando isso se fizer necessário.
Se deseja aprofundar o seu conhecimento acerca da forma mais comum de abuso – a negligência emocional – e entender como ocorre na prática, recomendo a leitura do meu novo livro Desconstruindo a família disfuncional.