As diferenças importantíssimas entre a responsabilidade e a culpa
Descobrir que a própria mãe tem tendências abusivas e, provavelmente, é narcisista representa um evento marcante na vida de qualquer indivíduo, independente de idade, sexo, etnia ou classe social. Isso ocorre porque fomos criados para nos conectarmos emocional e afetivamente com outros seres humanos, principalmente dos quais dependemos quando pequenos e vulneráveis para sobrevivermos, desenvolvermo-nos de modo saudável e operarmos de forma satisfatória também ao nos tornamos adultos. Portanto, quem possui, pelo menos, um genitor tóxico, tem todo o direito de buscar informações que o esclareçam sobre como esse comportamento afetou o desenvolvimento, especialmente, a sua neurobiologia, saúde emocional/psicológica, habilidade de formar e manter relacionamentos funcionais e realizar-se como pessoa.

Embora a pessoa tenha todo o direito de investigar o seu passado e tentar compreender como os pais influenciaram a sua habilidade de perceber-se como um indivíduo competente, bom o suficiente e digno de ser amado incondicionalmente, isto tende a desembocar em culpa. Muitos de meus clientes, quando começam a desabafar a respeito do modo como foram maltratados e negligenciados pelos genitores tóxicos, citando vulnerabilidades, atitudes impróprias e até abusivas, sentem-se envergonhados de “falarem mal” deles ou “culpá-los” por seus atos. Após os relatos, tendem a despender grande energia para justificar as suas atitudes como se fossem obrigados a desculparem-se pelo seu comportamento, negligenciando as próprias emoções e os efeitos de seu trauma no processo.
Isso se deve ao fato de que a nossa cultura não reconhece as importantíssimas diferenças entre a responsabilidade e a culpa, seja por influência religiosa seja devido aos valores rígidos do senso comum. Contudo, não precisa seguir esta mentalidade simplista e conformar-se com uma atitude julgadora, pois você é um indivíduo autônomo e capaz de posicionar-se de forma diferente, com consciência, inteligência e empatia. A culpa não lhe permite conduzir-se assim, pois resulta em inadequação, hostilidade e ressentimento, enquanto atribuir responsabilidade de forma adulta e centrada – constitui um direito humano e universal de se conhecer, assim como as circunstâncias de seu desenvolvimento – consiste em um ato emancipador. Diante disso, abdique da vergonha, dependência e vitimização promovida pela cultura da culpa e chantagem emocional, torne-se verdadeiramente livre e dono de seu corpo e destino.
O conteúdo de Filhas de Mães Narcisistas e dos livros Prisioneiras do Espelho, Um Guia de Liberdade Pessoal para Filhas de Mães Narcisistas e o Filhas de Mães Narcisistas, Conhecimento Cura de minha autoria, tem como objetivo promover a conscientização e ajudar-lhe a organizar a sua narrativa validando a sua história, seus sentimentos e seu direito ao conhecimento. Portanto, na próxima vez que alguém disser: “Deixa isso prá lá, está no passado” ao relatar o abuso e a negligência sofridos na infância que lhe afetaram como pessoa, lembre-se de que este tipo de balela retarda o crescimento pessoal tanto do falante quanto do ouvinte, além de criar uma distância emocional e afetiva entre os dois.
Todas essas publicações tem me ajudado a ser um adulto responsável e independente dos traumas e vicios de filha de mãe narcisista.
Não faço terapia atualmente. Já fiz muita em toda esta minha vida. Tenho buscado cursos e orientaçoes pela internet.
Querida Michele,
O impacto que senti ao enxergar o narcisismo tóxico da minha mãe foi enorme, mas , ao mesmo tempo, eu senti uma profunda explicação (insight) para o meu sentimento de inadequação que me acompanhou durante décadas. Eu sentia (e não sabia direito o que era) uma sensação ambígua com relação a tudo o que vivi com ela. Neste momento, me sinto aliviada, e qualquer culpa se foi . Tudo fez sentido , tudo está explicado agora e perdoei o meu passado com ela. É uma sensação libertadora, você captar a Verdade da sua família . Um abração !
Seus artigos nunca fizeram tanto sentido. Descobri minha mae narcisista aos 50 anos. Não entendia porque eu nao tinha conseguido sair de casa e viver a minha vida, sendo que meus irmão tinham! Fui muito usada e influenciada por ela, ate ter um cancer e decidir VIVER! Gracas a Deus fiz terapia e reconheci meus problemas … de enfrentamento, medo e culpas!