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Contente-se com pouco: a autossabotagem e a mentalidade de mediocridade da família disfuncional

A insatisfação pessoal não é só um sintoma da depressão, mas também o produto de um pensamento influenciado por crenças rígidas e disfuncionais. Como explico no meu novo livro Desconstruindo a família disfuncional, o teor de flexibilidade dos valores de uma família exerce um impacto direto no desenvolvimento sadio de uma criança. No capítulo As crenças rígidas e as verdades inquestionáveis, exploro como a rigidez da mentalidade “é tudo ou nada”, em especial, corrompe a autoimagem e desemboca em insegurança pessoal, limitando a capacidade de nos conectarmos com confiança como, por exemplo, com a complexidade do eu autêntico. Os valores rígidos perpetuados pela cultura familiar disfuncional, tais como “Conectar-se com as emoções negativas é coisa de gente fraca” e “Cometer erros é sinal de incompetência”, embora não sejam evidentes nas interações comunicativas entre pais e filhos, são sentidos na carne por estes quando são condicionados a se moldarem às necessidades e expectativas dos pais não somente para se tornarem dignos do afeto deles, bem como se sentirem capazes e aceitos.

Contente-se com pouco: a autossabotagem e a mentalidade de mediocridade da família disfuncional
É comum para quem provém de uma família disfuncional sabotar o eu autêntico para manter o relacionamento com os pais

Este processo faz com que os indivíduos provenientes dos lares disfuncionais e tóxicos adotem uma atitude de autossabotagem que compromete a capacidade de viverem livre, plenamente e com realizações. Por serem submetidos à extensa manipulação e chantagem emocional durante o período de crescimento, os filhos das famílias disfuncionais criam um senso de direção deturpado, o qual se vê imerso em sentimentos de culpa, vergonha e medo de abandono. Já que quando se conformam com a visão de mundo e valores rígidos dos pais e não desenvolvem uma identidade própria são recompensados com demonstrações de afeto ou a ausência de atitudes abusivas, aprendem a associar a forma limitada de pensar e agir como algo benéfico para o relacionamento, mesmo quando se sentem inadequados e desgostosos internamente. É comum, portanto, considerarem a existência sob uma perspectiva de escassez e não de abundância, forçando-se a contentarem-se com pouco e a viverem de modo medíocre.

Na prática, a mentalidade de autossabotagem e mediocridade torna-se óbvia quando não se permitem sentirem-se bem ao adotarem uma atitude autônoma e de amor-próprio e autoaceitação incondicionais, por exemplo. Em outras palavras, em vez de sentirem-se íntegros quando…

… honram os limites pessoais independente do efeito que isso exerce no outro

… criam uma visão do eu como bom o suficiente independente de condição financeira, estado civil, profissão, aparência, título acadêmico ou profissional

…. se acreditam dignos de escolherem com quem mantêm relacionamentos, nomeadamente, concentrando-se nas pessoas maduras, empáticas e genuínas

sentem-se diminuídos e alienados por terem uma atitude autoafirmadora.

Para aprofundar o conhecimento acerca das diversas maneiras com as quais a dinâmica relacional disfuncional aprisiona a mente e compromete a conquista da felicidade e o contentamento pessoal, recomendo a leitura do Desconstruindo a família disfuncional.

2 comments

  1. Giovanna disse:

    Obrigada pela definição.

  2. Irma Conceição Goularte de Freitas disse:

    Já li e reli seus tres livros. Vejo que tive um progresso emocional na minha maneira de ser mas acho este progresso lento e isto me deixa ansiosa. Quero romper a barreira do congelamento que me trava na hora de dar um maior sentido pra minha vida. Tendo já quase 70 anos, mais precisamente 69 anos, tenho pressa em fazer mudanças e ver meus filhos mudarem. Será que não estou exigindo de mim mais do que posso neste processo de mudança desde 2016 onde tive conhecimento do assunto?

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