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O legado dos pais emocionalmente ausentes: os sentimentos de solidão, rejeição e abandono

Para quem provém de uma família disfuncional tende a ser difícil, se não impossível, sentir-se devidamente visto, ouvido e percebido. Isso se deve ao fato de ter sido educado, de crescer e se desenvolver em um meio de grande negligência emocional e até abuso. Quando uma criança não tem as emoções validadas e lhe é negado expor seus interesses, vontades e limites pessoais, sente-se alienada, invisível e sem importância, como se não existisse nem tivesse valor. O trauma gerado por carregar este vazio existencial por tantos anos resulta em baixa autoestima que perdura até a idade adulta, além da dificuldade de confiar nos outros e de se sentir seguro nos seus relacionamentos.

O legado dos pais emocionalmente ausentes: os sentimentos de solidão, rejeição e abandono
Para quem tem pais emocionalmente ausentes, é difícil sentir-se devidamente visto, ouvido e percebido

Na prática, ter pais emocionalmente ausentes faz com que o filho sinta que raramente algo referente a si ou a sua vida seja importante o suficiente para merecer a atenção alheia. Como terapeuta do trauma especializada em filhos de famílias disfuncionais e tóxicas, já ouvi muitos relatos de clientes que nunca tiveram momentos relevantes de suas vidas reconhecidos e levados em consideração de forma apropriada pelos pais, seja por razões positivas ou negativas. Por forma apropriada significa dizer terem demostrado atenção genuína em tempo real e se feito presentes física direta ou indiretamente (através de meios de comunicação) e, sobretudo, mental/emocionalmente, permitindo, portanto, que os filhos se sentissem valorizados e dignos de seu amor.

Por serem egocêntricos e negligentes, além de terem um baixíssimo nível de consciência, mães narcisistas e pais facilitadores, por exemplo, têm a tendência de ignorarem, invalidarem e, inclusive, esquecerem eventos marcantes na vida dos filhos, tais como conquistas acadêmicas e profissionais, casamento, nascimento de filho, aniversários, mudança de residência/cidade/país, bem como rompimentos de relacionamento/separação/divórcio,  presença ou diagnóstico de doenças crônicas (de ordem mental ou física) perda de emprego, falecimento de cônjuge ou amigo etc. Os pais em questão se mantêm absorvidos nos próprios dilemas, dramas e necessidades enquanto negligenciam os dos filhos; são incapazes, portanto, de os apoiarem e fazer com que se sintam amados e confortados quando mais necessitam.

O legado de pais emocionalmente ausentes é observado na constante presença de fortes sentimentos de solidão, rejeição e abandono que parecem não diminuírem com o tempo, a idade e a experiência. Basta passarem por momentos difíceis para que os filhos se sintam invadidos por sentimentos de impotência, inadequação e desesperança. Se se identifica com o aqui reportado, recomendo tratar esse vazio de forma consciente e proativa, volte a atenção para o próprio eu e coloque as necessidades das emoções sentidas no corpo em primeiro lugar. Para restabelecer uma relação saudável e livre com o eu autêntico, sugiro os meus três cursos online: A codependência, A dependência emocional e Como Fazer o Luto da Mãe Narcisista de Forma Orgânica.

6 comments

  1. Ivanora Cordeiro (Ivi) disse:

    Eu me libertei e continuo superando o trauma de uma mãe narcisista perversa. Senti um alívio quando o transtorno de personalidade dela foi descoberto. A culpa de tanta desarmonia, desamor, manipulações, dramas e traumas na minha família é dela. Eu e meu pai somos vítimas. No meu caso, meu pai não era facilitador. Pelo contrário, meu pai agia como um bombeiro , tentando desfazer ou remediar as ações dela. Ele não conseguia enfrentá-la ou neutralizá-la nos momentos surtados, e não compactuava com ela. Ele, assim como eu, não tivemos apoio nenhum dos parentes dela . Os irmãos que ela tem , lavaram as mãos e ignoraram.
    Meu pai me apoiava e tentava me aconselhar. Mas, eu , muitas vezes não o ouvia, porque eu era manipulada intencionalmente por ela para me dar mal.
    Os narcisistas patológicos arruínam os filhos, marido/esposa, pai/mãe. Até quando as vítimas, com o apoio adequado conseguem entender e reagir ao abuso.
    Abraços ,

  2. Anônima disse:

    Obrigada pelo seu comentário, Ivi! Foi muito esclarecedor! É reconfortante ver relatos de vida como o seu! Queria que eles não existissem, que nenhuma pessoa precisasse passar por isso porque dói muito! Mas já que eles existem em algum lugar é bom ficar sabendo da existência deles para te trazer maior clareza e compreensão dos fatos, confirmar que as narrativas que eles contam são verdadeiramente falsas, apesar de eles fazerem todos os esforços para soar como verdadeiras! Ajuda a validar os nossos sentimentos, ajuda a ter força para ir contra todos da família e todos do mundo que dizem que família é sempre maravilhosa que você tem que aceitar tudo que venha da sua família, mesmo que sejam abusos psicológicos tão normatizados…

    Te ler ajuda a não se sentir tão só em minha própria luta e dor. E dói tanto e tão intensamente que a gente se questiona o que faz aqui nesse mundo? Se sente no lugar errado, completamente desconectada…

    Qual é o seu lugar no mundo? Onde pertence? Em que grupo pode se sentir segura e amada? Senti na pele situações semelhantes às que você descreveu!

    Mas meu pai oscila entre momentos de lucidez e defender o que é certo e momentos de apoiar a minha mãe porque sabe que se for contra ela geraria uma briga estratosférica na certa! Então se cala ou até concorda para evitar o inferno que seria ir contra. Então no meu caso ele só se manifesta quando percebe que ela passou muito dos limites. Às vezes nem assim. Ele tem os seus próprios critérios para decidir quando agir e quando não. Talvez tenha a ver com a combinação de dois fatores: perceber a gravidade e ele ter a força e/ou disposição necessária no momento daquele conflito.

    Conflitos quase diários que a melhor solução é se calar para evitá-los ao máximo. Mas aí você se cala por tanto tempo que as vezes esquece como é ter voz… E isso dói muito também… Ter consciência do quanto é errado e ainda assim se ver obrigada a passar por isso por questões financeiras.

    Enfim… Não desejo esse sofrimento a ninguém, se sentir deslocado e não se sentir parte de nenhum grupo que te ame, apoie e faça você sentir pertencimento real.

    Profunda solidão e muita luta par acaba do seu lugar já que a narcisista te afasta de todos que ela tem acesso. Isto porque você fica na iminência dela converter eles em “macacos voadores” (jargão muito usado na dinâmica narcisista, no google tem definições bem completas para quem quiser saber mais).

    Então você precisa ir o mais distante possível dela. Criar o seu grupo com pessoas que não a conheçam diretamente. Pessoas que ela não tenha acesso, ou pessoas que compreendem esse tipo de dinâmica familiar e por isso estejam vacinadas contra toda sorte de manipulação que elas estão dispostas a aplicar contra você…

    Eu creio que ainda vou encontrar esse lugar seguro, esse grupo de suporte, pessoas para sentir como família e não apenas dar esse nome de forma burocrática e vazia.

    1. Anônima disse:

      Profunda solidão e muita luta pra achar** o seu lugar (corrigindo)

      Forma burocrática no sentido de a definição da lei para família que é a família sanguínea.

  3. SILVANA disse:

    O sentimento de rejeição, abandono, solidão,prorrogão em minha vida desde a infância até o momento presente…as crises existenciais,o vazio do não pertencimento é muito grande.
    É como si eu tentasse mim encaixar em algum lugar,pertencer algum grupo,e nada si encaixa.
    Sofri o abandono do pai e da mãe biológicos,os pais adotivos tinham negligência,e maus tratos para comigo.
    Já mim perguntei por inúmeras vezes,será que esse sentimento vai si prolongar por mais quantos anos?

  4. Diogo disse:

    Cresci em uma família grande, onde expressar sentimentos era tratado com fraqueza, ironia ou silêncio.

    Meu pai, muito autoritário e agressivo, expressava “amor” provendo bens materiais básicos e inconscientemente criava um jogo de manipulação financeiro-afetiva.

    Minha mãe, sempre acatando suas ordens e dependendo dele financeiramente, sofria em silêncio.

    Desde cedo eu conseguia enxergar no meu pai aquilo que eu não queria ser e assim acabei não criando vínculos afetivos com ele.

    Ao contrário, minha mãe aparenta ser uma pessoa dócil e bondosa, com quem todos se simpatizam. E eu desenvolvi amor por ela (embora nossas trocas afetivas sempre fossem superficiais).

    Minha mãe sempre evitou atritos e silenciava os sentimentos conflitantes dos filhos com palavras como “ah, tira isso da sua cabeça” e “ah, ele/ela é assim mesmo!”. Alguns filhos reagiam com raiva. Eu reagia com silêncio.

    Demorei a perceber que ser “submissa” diante de agressões psicológicas foi também uma decisão da minha mãe. Por medo e preocupação constantes, ela acabou neglicendiando os filhos emocionalmente. E por muito tempo eu também segui esta linha, negligenciando os meus próprios sentimentos e desenvolvendo relações superficiais em sociedade.

    Certa vez coloquei para meus irmãos e meus pais tudo o que eu sentia sobre a falta de amizade e empatia na família. E, mais uma vez, o que era silêncio, se irrompeu em ironias e agressões verbais.

    Por fim, eu escolhi me afastar da família, inclusive da minha mãe (que pouco reagiu ao meu distanciamento, mais uma vez para evitar maiores conflitos). Meu pai nem falou nada. Meus irmãos trataram minha distância como arrogância e egoísmo, quando para mim é muito mais uma questão de saúde mental e amor-próprio

    Foi a maior dor que senti na vida. Um luto vivo com muitos altos e baixos. Mas que pouco a pouco me ajuda a me situar como indíviduo, a ressignificar as relações familiares e aumenta a minha auto-estima.

  5. Adriana disse:

    Meu pai é narcisista perverso e minha mãe é narcisista oculto. Dele ele já me livrei, falta ela. A solidão é constante, ela me ignora e me trata com agressividade. Eu sei que vou conseguir !

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